Maior loja de carros multimarcas premium do Brasil vê vendas dobrarem na pandemia.

AvantGarde Motors teve que adiar a inauguração de seu novo showroom, mas investiu em tecnologia para seguir crescendo.

O que poderia ser o início de uma fase de queda na AvantGarde Motors se mostrou justamente o contrário. Com inauguração do novo showroom, em Belo Horizonte, Minas Gerais, prevista para 30 de março, a marca já estava com um evento organizado para abrir as portas da que se tornaria a maior loja de carros multimarcas premium do Brasil, com 6 mil m² e um investimento de R$ 20 milhões. Mas a imposição da quarentena uma semana antes fez os planos serem cancelados. 

De portas fechadas, os sócios Fernando Duran, Áureo Brandão e Rodrigo Freitas temiam uma queda brusca no faturamento. Sem sair de casa, era normal que o consumo de veículos diminuísse. Mas o que se viu foi o contrário. A empresa passou a vender mensalmente o dobro de carros que vendia antes. O faturamento quadruplicou no segundo trimestre, em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram vendidos, nos meses de maio, junho e julho, por exemplo, uma média de mais de 100 carros/mês, ante os 60 vendidos na mesma época, em anos anteriores. “É difícil cravar qual foi o principal motivo para o aumento nas vendas, mas acredito que, com mais tempo em casa e com a economia gerada tanto com a ausência de viagens como com o cartão de crédito sendo menos usado, as pessoas puderam olhar com calma as oportunidades e adquirir bens que na correria do dia a dia não conseguiam parar para comprar”, afirma Fernando.

Outro ponto que o sócio destaca é a oscilação no mercado de ações, que gerou insegurança em deixar o dinheiro investido na Bolsa de Valores, por exemplo. O financiamento mais barato também pode ter contribuído para o consumo de veículos, na opinião dele. “Além disso, tem a sensação de efemeridade provocada pela pandemia. Muita gente perdeu algum conhecido e isso fez com que as pessoas não quisessem mais deixar para amanhã sonhos que podiam realizar hoje”, complementa o executivo da AvantGarde. 

Para atender esse público, a empresa investiu – ainda mais – em tecnologia. Ampliou a divulgação nas mídias digitais e passou a mostrar os carros de perto para os clientes através de ferramentas de vídeo do celular. “Aqui nós temos dois pontos: primeiro que já temos credibilidade no mercado e as pessoas sabem que só trabalhamos com máquinas de qualidade. Segundo que o telefone permitia que mostrássemos detalhes do automóvel, e aí o cliente já sabia se era o modelo que buscava ou não”, revela o sócio Áureo Brandão. Com isso, o público de fora de Minas Gerais, que antes somava 30% das vendas, agora soma 60% do total de veículos comercializados. Hoje, existe uma fila de espera de 6 meses para alguns veículos 0km e de até 3 meses em veículos usados.

O formato deu tão certo e a expectativa foi tão acima do esperado que mesmo quando a prefeitura de Belo Horizonte permitiu a abertura do comércio, foi tomada a decisão de manter as portas fechadas. “Nós vimos que não precisamos ter pressa. As vendas estão indo bem e estamos conseguindo atender quem nos procura, então não tem motivo para colocar em risco nossos funcionários, colaboradores e clientes. A nossa expectativa é abrir apenas quando a situação da pandemia no país estiver melhor. Assim, poderemos abrir o showroom com o que era o propósito inicial dele: ser mais do que uma loja, ser um ponto de encontro, um lugar de negócios, interatividade e experimentações”, afirma Rodrigo Freitas.