Estudo confirma segurança de se manter os tratamentos para hipertensão e insuficiência cardíaca em pacientes com COVID-19.

Único estudo brasileiro selecionado e apresentado na sessão “Late-Breaking Clinical Trials” no maior congresso de cardiologia do mundo, ESC Congress 2020 – The Digital Experience, em 1 de setembro, mostra segurança na continuidade de medicações para pacientes hospitalizados com casos leves e moderados de COVID-19, que dependem dos tratamentos para o controle de hipertensão ou insuficiência cardíaca.

O estudo, nomeado BRACE-CORONA, liderado pelo doutor Renato Lopes, cardiologista, pesquisador, professor da (UNIFESP) e da Duke University (EUA), também diretor do BCRI (Brazilian Clinical Research Institute) e coordenador da pesquisa clínica em cardiologia do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), examinou se a suspensão dos inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) e dos bloqueadores do receptor da angiotensina (ARBs) teria um benefício clínico no tratamento de pacientes hospitalizados com casos leves ou moderados de COVID-19. Os resultados do estudo serão publicados em importante periódico científico nas próximas semanas. Será o único estudo brasileiro selecionado e apresentado na sessão ‘The Late-Breaking Clinical Trials”, no ESC Congress 2020 – The Digital Experience, em 1 de setembro.  A pesquisa teve o patrocínio do Instituto D’Or de Pesquisa (IDOR) e do Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica (BCRI).

O resultado primário foi o número de dias que um paciente passou vivo e fora do hospital durante o período de acompanhamento de 30 dias. Os novos dados desse estudo confirmam que alguns tratamentos, já indicados, para hipertensão e insuficiência cardíaca são seguros para pacientes com COVID-19 e, portanto, não devem ser suspensos por causa da COVID-19. 

Há estudos que sugerem que pacientes que usam IECA e ARBs como tratamento para hipertensão ou insuficiência cardíaca podem apresentar aumento na expressão da enzima conversora de angiotensina ligada à membrana (ACE2). Como o ACE2 é o receptor funcional do SARS-CoV-2, o vírus que causa o COVID-19, havia preocupação na comunidade médica sobre a segurança do uso contínuo de IECA e ARBs em pacientes com COVID-19. Havia dúvidas ainda mais complicadas por evidências observacionais conflitantes em torno do uso dessas terapias neste cenário clínico.

A equipe do estudo BRACE CORONA randomizou 659 pacientes em 29 hospitais do Brasil que foram hospitalizados com casos confirmados de COVID-19 leve ou moderado. O estudo teve dois braços: um grupo serviu como controle e uso contínuo de IECA e ARBs, enquanto o outro grupo teve seu tratamento IECA e ARB suspenso por 30 dias. Os resultados do estudo não mostraram diferença significativa entre os dois grupos; com uma taxa de mortalidade de 2,8% para o grupo de tratamento continuado e uma taxa de mortalidade de 2,7% para o grupo de suspensão do tratamento.

Além disso, o grupo de tratamento continuado obteve um estado clínico ligeiramente melhor em 30 dias do que o outro grupo, com 95% dos pacientes vivos e fora do hospital no mesmo período, em comparação com 91,8% no grupo de suspensão do tratamento. “Essas terapias são importantes para pacientes com hipertensão e insuficiência cardíaca com benefícios bem conhecidos, e este ensaio clínico fornece evidências científicas robustas e de alta qualidade para orientar seu uso durante o tratamento de pacientes hospitalizados com casos leves e moderados de COVID-19”, afirma Renato Lopes. “Nosso estudo, que é o primeiro randomizado nessa área, não encontrou benefício clínico em suspender rotineiramente esses medicamentos e, confirma de maneira mais definitiva, a recomendação de que eles devem ser continuados para aqueles que dependem deles para o controle da hipertensão ou insuficiência cardíaca”, complementa.

Sobre o BCRI: 

Estudos Clínicos

Como uma ARO (Academic Research Organization) atua em todas as etapas de um estudo clínico: desenvolvimento do protocolo, análise estatística, liderança acadêmica, publicações etc.

Operações Clínicas

Gerenciamento dos estudos, planejamento, monitoria, gerenciamento de dados, processos regulatório, desenvolvimento dos centros e CEC (Classificação de Eventos Clínicos).

Educação

Cursos em Pesquisa Clínica mesclando a teoria e a prática, qualificando profissionais e contribuindo para o desenvolvimento da Pesquisa Clínica no Brasil.

Parcerias

A parceria do BCRI com o Duke Clinical Research Institute (DCRI), a maior organização de pesquisa clínica acadêmica do mundo, é fato inédito e contribui de maneira ímpar para o desenvolvimento da pesquisa clínica no Brasil.

Sobre o ESC Congress 2020 – The Digital Experience

O Congresso ESC 2020, devido a pandemia, não será mais presencial em Amsterdã, como planejado. Será online e gratuito entre os dias 29 de agosto e 1 de setembro. Irá divulgar o que há de melhor na ciência cardiovascular inovadora em uma experiência digital totalmente nova e com apresentações dos principais líderes de opinião de todo o mundo.

Espera-se que este seja o maior encontro online de profissionais cardiovasculares que o mundo já viu. O Congresso ESC, mais uma vez, será uma celebração da descoberta; uma celebração da ciência. O pré-registro individual é obrigatório