Por Lu Magalhães
Em 15 de julho, o Brasil comemora o Dia do Homem. O que surgiu como uma data para chamar a atenção para a saúde masculina, evoluiu para abarcar reflexões sobre a igualdade de gênero. Em tempos de covid-19, esse tema é extremamente importante, pois uma outra pandemia assola o país. As denúncias de violência contra mulheres aumentaram 40% em meio ao distanciamento social, de acordo com dados do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos (MMDH). Mas, o problema deve ser ainda maior – sobretudo se considerarmos os casos não notificados. Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, conduzido a pedido do Banco Mundial, aponta que houve um aumento de 431% em relatos de brigas de casal entre fevereiro e abril de 2020. A pesquisa indica que nos 12 Estados pesquisados, os casos de feminicídio subiram 22,2% de março para abril. O conjunto desses números mostra que há um incremento sério da violência doméstica e familiar nesse período de distanciamento social.
Confinadas dentro das próprias casas – muitas vezes, convivendo com os seus agressores –, mulheres e meninas não estão registrando boletins de ocorrência. Aliás, o registro de queixas teve redução média de 28,2% no país. Em São Paulo, uma das alternativas para combater essa impossibilidade de denunciar e pedir ajuda é o registro online. Uma outra iniciativa é #VizinhaVocêNãoEstáSozinha que tem militado para que governadores disponibilizem quartos em redes de hotéis para acolher mulheres que estão em risco.
O enfrentamento do crime contra meninas e mulheres deve ser abraçado por toda a sociedade. E, entre os crimes, estou falando de todas as suas “modalidades”. O tráfico e exploração sexual e o assédio estão nesse balaio. A violência contra mulheres, em primeira instância, é uma grave violação aos direitos humanos. Ou seja, uma ocorrência que envolve uma mulher agredida deve ser investigada e os culpados punidos com rigor.
No Dia do Homem, proponho uma reflexão sobre como eles podem se engajar na luta contra a violência contra as mulheres. A construção de uma sociedade mais justa não é uma questão meramente feminina. Somos todos – homens e mulheres – os beneficiados por uma sociedade mais igualitária.
| Lu Magalhães é presidente da Primavera Editorial, sócia do PublishNews e do #coisadelivreiro. Graduada em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), possui mestrado em Administração (MBA) pela Universidade de São Paulo (USP) e especialização em Desenvolvimento Organizacional pela Wharton School (Universidade da Pennsylvania, Estados Unidos). A executiva atua no mercado editorial nacional e internacional há mais de 20 anos.
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