Liberdade de Imprensa é avalista da democracia.
Em sua milésima edição, a reunião-almoço “Tá na Mesa” debateu a importância do papel da imprensa na construção da sociedade, no ponto de vista dos principais conglomerados de comunicação no Rio Grande do Sul
Nesta quarta-feira (29), o “Tá na Mesa”, principal encontro empresarial do Rio Grande do Sul e reconhecido por sua pluralidade de assuntos, atingiu o número recorde de mil edições. A plateia da edição comemorativa, formada tradicionalmente por empresários, mesclou jornalistas, profissionais da imprensa, colunistas, influenciadores digitais e autoridades, como a secretária de Comunicação do Estado, Tânia Moreira, e de Porto Alegre, Orestes de Andrade Jr., além de diretores de grupos de comunicação.
A edição 1000 trouxe para o centro do debate, em formato de painel, a construção da sociedade brasileira e a importância da imprensa nisto. Dividiram o palco com a presidente da Federasul, Simone Leite, os principais gestores e/ou jornalistas de grupos de comunicação no Estado, tais como Carlos Toillier, do SBT-RS; Guilherme Kolling, editor-chefe do Jornal do Comércio; Mário Gusmão, presidente do Grupo Sinos; Marta Gleich, diretora de Jornalismo, Rádio e Jornal do Grupo RBS; Paulo Sérgio Pinto, vice-presidente da Rede Pampa e da AGERT (Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão); Reinaldo Gilli, presidente do Grupo Record RS e Sérgio Cóssio, do Grupo Bandeirantes.
O diretor da Band, Sérgio Cóssio, abriu as discussões e lembrou a importância do grupo, fundado no início do século passado pelo empresário João Jorge Saad (1919-1999), em São Paulo. Cóssio fez questão de reconhecer o importante papel da imprensa e, também, do compromisso que uma comunicação livre tem para com a manutenção da democracia, bem como sua sustentação. “O Brasil é referência mundial em produção de conteúdo. Estão aqui os principais nomes da televisão mundial. Este sucesso vai muito além da tecnologia, ele está conectado no compromisso de dar voz e vez à sociedade”, concluiu Sérgio.
Na sequência de Cóssio foi a vez do Grupo RBS, que na pessoa de sua diretora, Marta Gleich, expôs sua visão sobre a importância do método jornalístico. “Esse é o segredo. A imprensa deve inspirar, construir e trazer soluções à sociedade. Nosso papel é checar tudo. Nossa responsabilidade é proporcional a nossa audiência”, disse Marta, que ainda expôs números interessantes sobre o grupo fundado por Maurício Sirotsky Sobrinho (1925-1986), como os da RBS TV, que é assistida por 3 milhões de pessoas/dia; GaúchaZH, que reúne mais de 16 milhões de acessos/mês e a liderança da Rádio Gaúcha, no segmento notícia, por 50 meses, conforme o IBOPE.
Com uma história às vésperas de completar 12 anos de Rio Grande do Sul, e há mais de seis décadas de existência, o Grupo Record, que detém os veículos Record TV RS, Rádio Guaíba e o tradicional Correio do Povo, abordou a importância do papel social que a imprensa tem. Para o presidente do grupo no Estado, Reinaldo Gilli “a imprensa tem que ter o compromisso com o povo, com a informação de qualidade e guardiã da verdade. Imprensa ouve todos os lados e é o alicerce da democracia. Temos que ser escravos da verdade”, disse. Além disso, Gilli criticou o que, nas palavras dele, é considerado um “câncer”, que são as fakenews.
Fundador do Grupo Sinos, sediado em Novo Hamburgo, o presidente Mário Gusmão provocou o silêncio e a reflexão da plateia que ouviu atenta suas palavras. Para ele “a imprensa é uma instituição da sociedade. Não somos órgão de governo. Imprensa livre garante a existência da democracia”, e disparou “a imprensa não é perfeita, mas ela é essencial para a constituição de uma sociedade livre e participativa. Imprensa é informar, mas informar nem sempre é estar bem informado”.
Guilherme Kolling, editor-chefe do principal jornal de economia do Rio Grande do Sul, o Jornal do Comércio, fez questão de abordar e aprofundar as questões da imprensa, e do próprio periódico, que recentemente completou 86 anos de existência. “A imprensa é o aferidor da informação. Não existe democracia sem pluralidade de ideias e da inexistência do contraditório”, afirmou. Kolling.
O vice-presidente da Rede Pampa e AGERT, Paulo Sérgio Pinto, abordou e reiterou que o Brasil tem, desde a Monarquia, garantido o direito à liberdade de expressão, porém com o República, a imprensa foi cerceada, passando pela tomada do Poder, por Getúlio e por inúmeros outros golpes contra o Brasil, no decorrer da história, sendo a revogada Lei de Imprensa, uma das maiores atrocidades contra o exercício de uma comunicação livre e independente.” A liberdade de imprensa é a mãe de todas as liberdades. Liberdade de imprensa constituiu em direitos humanos e fiadora da democracia”, disse Paulo Sérgio, que também teve o raciocínio acompanhado pelo diretor de Mercado e Inovação do SBT-RS, Carlos Toillier: “Apesar de sermos um veículo marcado pelo entretenimento, personificado no nosso fundador, Silvio Santos, buscamos sempre checar as informações para levar ao telespectador a verdade dos fatos”.
Ao fim, a presidente Simone Leite provocou o debate sobre três temas que circundam a imprensa: manipulação; cobertura política e papel social. RBS e Band defenderam que distorção e descontextualização são antônimos aos preceitos e do compromisso do bom jornalismo. De acordo com Cóssio, a qualidade e a credibilidade são as principais armas contra o mal jornalismo. Sobre a cobertura política, Paulo Sérgio Pinto, afirmou que o cargo e as instituições devem estar conectados com sua magnitude e importância social. Gilli defendeu que realismo social não deve ser confundido com sensacionalismo, e que a comunicação tem por princípio mostrar a realidade da sociedade e de suas mazelas.
HOMENAGEM:
No início do painel a presidente da Federasul, Simone Leite, junto dos ex-presidentes Humberto Ruga e Ricardo Russowsky, descerraram uma placa-homenagem às 1000 edições da reunião-almoço “Tá na Mesa”. Foto: Rosi Boninsegna.