Natalia Oreiro agradece Kikito de Cristal: “Por mais cinema e mais histórias que nos representem”.
Reverenciando as mulheres que trabalham na indústria audiovisual e o conjunto do cinema latino-americano, a uruguaia Natalia Oreiro recebeu seu Kikito de Cristal na noite de quarta-feira (22), em mais uma homenagem deste 46º Festival de Cinema de Gramado. “Que lindo receber este prêmio em um país irmão que eu amo tanto”, agradeceu. “Que ele possa representar a união latino-americana. Por mais cinema e histórias que nos representem”, concluiu no breve discurso proferido no palco do Palácio dos Festivais.
Durante a tarde, a atriz já havia falado sobre suas preocupações acerca da indústria audiovisual do continente – especialmente sobre a participação feminina no segmento. “Me sinto muito orgulhosa de ser a terceira mulher consecutiva a receber esse prêmio. Sei que foi uma provocação de Cecília Roth e fico feliz que esteja se cumprindo”, observou, fazendo referência a atriz argentina que inaugurou a sequência de homenagens, em 2016. Na ocasião, sabendo que era a primeira mulher a receber o Kikito de Cristal, Roth clamou: “Que os próximos dez sejam para atrizes”.
Natalia lembrou que a participação das mulheres no cinema latino-americano ainda é desproporcional. “Eles estão sempre em número maior nas equipes, e de maneira geral, as histórias são sobre problemáticas masculinas, as personagens de mulheres apenas acompanham os homens”, lamentou.
Nesse sentido, fez uma breve retrospectiva da própria carreira, destacando personagens e obras em que interpretou papeis instigantes, tanto no drama como na comédia. Lembrou de “Infância Clandestina”, em que sua personagem escondia a identidade por lutar contra a ditadura argentina, e de “Wakolda”, em que faz o papel de uma mulher que acredita no nazismo e entrega os filhos gêmeos aos cuidados do doutor Mengele, médico alemão que supostamente teria passado pelo sul da América Latina após a queda de Hitler. “Agora estou em cartaz na Argentina e no Uruguai com uma comédia chamada ‘Reloca’ (algo como ‘super louca’ em português) em que a protagonista é muito atual, uma mulher que se rebela contra o sistema patriarcal”, complementou.
Cumprindo a tradição do troféu, Natalia Oreiro deu início ao processo de fabricação do troféu do próximo ano, que é feito artesanalmente na fábrica da Cristais de Gramado. Tomando o vidro incandescente, aquecido a 1.200 graus celsiuis e “recheado” com folhas de ouro 24 quilates provenientes de Veneza que dão brilho ao prêmio, Natalia Oreiro prensou no molde a cabeça do deus da alegria que inspira o troféu do Festival de Cinema de Gramado. Depois desse processo, a peça ainda precisaria aguardar 24 horas em ambiente com temperatura controlada para, então poder ser trabalhada pelos mestres vidreiros. Atriz Natalia Oreiro na homenagem recebendo Troféu Kikito de Cristal entregue por João Alfredo de Castilhos Bertolucci (Fedoca), Prefeito de Gramado – Foto: Cleiton Thiele.