Manter uma rotina equilibrada é o segredo do sucesso de qualquer dieta.
Dia 11 de Outubro é o Dia Mundial de Combate à Obesidade. Para alcançar o corpo desejado de forma saudável e sustentável, é preciso seguir uma rotina equilibrada. Porém, nem sempre a dieta e a rotina de uma pessoa podem ser aplicadas nos outros. Para garantir o sucesso no processo de emagrecimento, diversos médicos podem ser procurados.
De acordo com a endocrinologista da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), Ada Lygia Macedo de Pinto Ferreira, cada profissional consegue auxiliar de uma forma específica. “Nossa participação com o processo de emagrecimento está relacionada à análise do paciente, observando a idade, sexo e atividade que faz, pois cada pessoa tem suas características e uma boa conversa consegue detectar algumas informações importantes. Pedimos exames para verificar como está a saúde deste paciente e quando existem problemas metabólicos, nos envolvemos mais com esta pessoa. Quando ele precisa apenas de auxílio para dietas e rotinas alimentares, indicamos outros profissionais”, salienta.
O nutrólogo é um dos principais profissionais que devem participar de um processo saudável de emagrecimento. Normalmente o paciente procura esse profissional quando já passou por outras experiências e não conseguiu atingir os objetivos. “Geralmente é um paciente que está cansado de dietas e cardápios prontos e acaba vindo atrás de outra solução. Trabalhamos com a mudança de hábito e de comportamento alimentar. Temos uma relação emocional com a comida e não adianta apenas entregarmos um cardápio, precisamos entender como cada paciente percebe a alimentação”, explica a nutróloga da AMRIGS, Jaqueline Costa Coelho.
A estimativa é que 90% dos pacientes sofreram ganho de peso e buscam uma melhoria na qualidade de vida, enquanto 5% buscam uma avaliação corporal e outros 5% possuem problemas como intolerâncias, desnutrição e excesso de magreza.
Um dos vilões da atualidade, de acordo com a nutróloga da AMRIGS, Mariela De Oliveira Silveira Pons, é a dieta restritiva. “Nosso metabolismo não foi feito para restrições tão drásticas. Precisamos de todos os nutrientes. Vejo algumas dietas que restringem carboidratos, gorduras e até frutas. Nosso organismo não sabe lidar com isso. Além da deficiência de nutrientes, o corpo começa a apresentar sinais, como cansaço, sonolência, falta de concentração. Isso gera um desbalanço cerebral e nossos neurotransmissores ficam desregulados. Quem quer emagrecer precisa de uma alimentação balanceada, bem completa. Não existe milagre”, destaca.
A médica alerta que o emagrecimento nem sempre pode ser o objetivo final do paciente, mas a melhoria da qualidade de vida, focando na vida mais saudável e, diretamente, diminuindo o peso na balança. “Mais de 50% dos brasileiros têm mais sobrepeso e obesidade do que massa corporal. Esse problema atinge todas as idades e precisamos abraçar isso de forma multidisciplinar. Toda medicina pode ajudar nestas questões. Não existe uma receita de bolo para emagrecimento, mas existe a individualidade, pois cada pessoa precisa de uma dieta individual. Por isso que não faz sentido pegar a dieta de um amigo e seguir fazendo, pois vai dar errado em algum momento”, relata.
Profissional que também pode auxiliar no processo de emagrecimento, o médico gastroenterologista também está envolvido em outro processo para casos específicos: a cirurgia bariátrica. Segundo o diretor da AMRIGS, Antônio Carlos Weston, que é cirurgião gastroenterologista, este procedimento não deve ser avaliado por qualquer pessoa que queira perder peso. “Costumamos indicar este procedimento para aqueles pacientes portadores de obesidade mórbida, são pacientes com um Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40. Se tiver índice de IMC entre 35 e 40, e for portador de alguma doença associada à obesidade, como hipertensão arterial ou diabetes, também indicamos o procedimento. Um aspecto importante é que este é um tratamento que não tem a mesma indicação dos chamados tratamentos convencionais da obesidade, como reeducação alimentar ou atividade física. Esse tratamento cirúrgico é indicado quando estes outros tratamentos já foram tentados várias vezes por mais de cinco anos e falharam. Neste sentido a cirurgia bariátrica não compete com tratamentos convencionais”, ressalta.
O médico lembra que essa cirurgia é indicada sempre após a avaliação por uma equipe multidisciplinar, composta por diversos profissionais ligados à área da obesidade, como nutricionista, clínico, endocrinologista, psicólogo ou psiquiatra e o cirurgião do aparelho digestivo. Só após esta avaliação, é que paciente pode ter a sua cirurgia realizada. A cirurgia é considerada bem-sucedida quando o paciente perde entre 70% e 80% do excesso de peso, e mantém essa perda ao longo da sua vida inteira.
Como funciona o emagrecimento no corpo?
– O primeiro passo é ingerir menos do que o organismo está gastando. Assim, entramos no processo de emagrecimento. As células de gordura vão diminuir, mas não somem ainda, e ficam no organismo por algum tempo, mesmo que sem gorduras dentro, antes de ser totalmente descartada pelo organismo.
– A gordura que sai destas células vão para a corrente circulatória. O corpo, recebendo menos do que está gastando, vai ter um gasto energético maior. A gordura vai para o fígado e acaba saindo na urina.
– A célula, que está vazia, demora de seis meses a dois anos para ser eliminada totalmente.
Como saber se o emagrecimento está ocorrendo de forma saudável?
– O emagrecimento de bom nível ocorre quando a pessoa emagrece 5% do peso corporal. Por exemplo, se é uma pessoa de 80Kg, vai emagrecer 4Kg em um mês, com dieta equilibrada acompanhada de exercícios físicos acompanhados por profissional.
– Se a pessoa tem diversos problemas devido à obesidade, se ela consegue baixar 5%, todos os fatores se revertem, embora não esteja dentro do peso ideal ainda. Por isso, esses 5% fazem bastante diferença para o metabolismo. Fotos: Marcelo Matusiak.