A usina emprega cerca de 100 pessoas que recolhem, separam e beneficiam diversos tipos de resíduos descartados na cidade, transformando-os em agregado reciclável.
A Usina de Reciclagem de Resíduos da Construção Civil (RCC), implantada há pouco mais de um ano, beneficia o município de Canoas como alternativa de sustentabilidade ambiental e econômica. Construída em uma área de 21 hectares do Parque Industrial Jorge Lanner, no bairro Niterói, a maior usina de reciclagem da construção civil brasileira garante carteira assinada, assistência social e emprego digno a mais de 100 trabalhadores. São eles que recolhem, separam e beneficiam diversos tipos de resíduos descartados na cidade e que chegam todos os dias ao local.
Além do reconhecimento da comunidade canoense e de instituições sustentáveis, a usina gera nova perspectiva de vida aos trabalhadores da reciclagem, que há duas décadas viviam em condições insalubres. Montanhas que acumulavam materiais de construção, pneus, entulhos, restos de móveis, carcaças de produtos eletrônicos, lixo doméstico e até animais mortos formavam o cenário de completo abandono no distrito. Porém, graças aos esforços da Prefeitura de Canoas nos últimos anos, a realidade de funcionários, como o ajudante Valdemir Silva, é outra. “Naquela época, não tínhamos direito, trabalhávamos por conta e nada aqui era legalizado. Hoje, estou empregado e, em setembro, vou tirar minhas primeiras férias em 19 anos para curtir uma pescaria com meu neto”, revela.
A lembrança é compartilhada entre os colaboradores com mais tempo de serviço, sobretudo por aqueles que chegaram à cidade em busca de uma vida melhor. Natural de Campos Sales, município cearense, Orlando Francisco da Silva trabalha na reciclagem dos resíduos há 14 anos e diz-se seguro com a regularização do trabalho. “Nós todos contribuímos com o INSS e, se por acaso eu ficar doente, sei que receberei auxílio. Fico mais tranquilo porque tenho filhos para criar, compromissos para correr atrás e aluguel para pagar”, explica o auxiliar que sonha em assumir cargos maiores no futuro graças às possibilidades de carreira na Usina.
Já o funcionário Manoel Messias, nascido na Bahia, sente-se realizado ao contribuir para a limpeza e o desenvolvimento da cidade que lhe acolhe tão bem há quase dez anos. “Estava desempregado, fazendo uns bicos no interior do estado quando me chamaram. Hoje, sou grato pela oportunidade e por saber que Canoas está cada dia mais limpa”, diz.
Mesmo antes do pleno funcionamento, a estrutura da usina já traz economia para a cidade com a geração de matéria-prima para obras de Canoas. “Todo o material que antes chegava aqui como lixo, sem serventia, a partir de agora é revertido em insumos para obras do município. Além disso, esse grande empreendimento vai nos trazer ganhos sociais, ecológicos e sustentáveis”, destaca o prefeito Luiz Carlos Busato.
Para ele, a instalação da usina é um sonho realizado, uma meta projetada desde o começo do governo. “Foram quase quatro anos de muito trabalho para que, hoje, possamos ver esta usina se tornar realidade. O que estamos vendo é uma oportunidade de mudar, de uma vez por todas, a cultura de descarte de resíduos na cidade. Além disso, conseguimos transformar o parque Joge Lanner, que era um marco do desprezo com o meio ambiente por décadas, nesta referência de reciclagem organizada e de economia de recursos públicos. É o exemplo de um problema que foi convertido em solução”, comemora.
A vice-prefeita Gisele Uequed celebra a mudança de paradigma que a usina significa para a cidade. “Esta usina mostra que é perfeitamente possível aliar o cuidado com o meio ambiente à responsabilidade com os recursos públicos. Estamos entregando para os canoenses uma cidade muito mais sustentável e temos a felicidade de ver o quanto esta usina já impacta positivamente na vida das pessoas”, diz.
Conheça a Usina de Reciclagem de Resíduos da Construção Civil (RCC)
Através das secretarias municipais de Serviços Urbanos (SMSU) e de Obras (SMO), a usina tem desempenhado a importante função de conter a poluição nas ruas, impedir alagamentos e conduzir cada vez mais lixo ao destino correto. Em média, são 150 caminhões que chegam todos os dias com resíduos coletados pela empresa gestora, seja dos Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), dos 5 Ecopontos espalhados pelo município ou dos materiais descartados clandestinamente em algumas áreas da cidade.
Após passarem por um processo de triagem manual e mecânica, britagem e peneiramento, blocos, argamassa, concreto, terra e areia são reutilizados pelo município em forma de agregados recicláveis (areia, pedrisco e britas) como matéria-prima para pavimentação e obras em espaços públicos. A atual capacidade de processamento da usina é de 15 mil m³ de material em apenas um mês, o que gera a economia de R$ 600 mil mensais aos cofres públicos de Canoas. Estes valores economizados podem ser destinados a outros investimentos, como, por exemplo, reformas e equipamentos necessários para a saúde.