Artigo de Opinião: Luiz Carlos Corrêa da Silva / Luciano M. Corrêa da Silva – Médicos Pneumologistas. Fumo Zero AMRIGS. Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina
A tragédia chegou ao Brasil. A epidemia cresce exponencialmente e nem sabemos sua dimensão pois certamente existe subnotificação. A autoridade que ainda subestima o problema precisa se atualizar e já, pois está desestimulando o isolamento domiciliar e as medidas radicais de proteção, a esta altura indispensáveis. Infelizmente, a Itália se deu conta muito tarde.
O grande problema é, e será cada vez mais, o grau de contaminação dos hospitais. Na China, mais de 50% da intensidade da epidemia foi atribuída à contaminação hospitalar, deles sendo ainda mais expurgado o vírus para a comunidade. O Governo chinês omitiu informações durante dois meses e, quando se deu conta os hospitais já estavam todos contaminados. Seguiu-se a catástrofe. Porque será que eles construíram mega hospitais de campanha tão rápidos? Para limpar os hospitais habituais! Se não fizermos precocemente isso por aqui enfrentaremos uma epidemia com proporções piores que na Itália. Faltam Equipamentos de Proteção Individual adequados na maioria dos Hospitais. No momento que os hospitais lotarem e a maioria dos profissionais se contaminar, a situação será lamentável. E a comunidade sofrerá grandes consequências.
Em São Paulo, providências iniciais neste sentido estão sendo tomadas. Esperemos que sejam rápidas e eficazes. Pacientes com gravidade moderada serão encaminhados para estes hospitais de campanha, assistidos em tendas montadas em grandes estádios, com boa ventilação. Nosso Governo Estadual, que já tem feito o que pode, precisa agir mais rápido ainda. Colocar doentes moderados em hospitais de campanha, por exemplo estádios de futebol, com possibilidade do uso de ventilação mecânica, e reservar as internações estritamente em hospitais de referência destinados exclusivamente para este fim. Também, precisamos muito mais testes para diferenciar todos os casos mais graves suspeitos, e melhorar muito a proteção dos profissionais da saúde.
A Itália usou hospitais de campanha tardiamente e nós precisamos aprender com urgência esta amarga lição, para não seguirmos um caminho ainda pior. Decisões radicais devem ser baseadas em dados que nos últimos dias nos assustam. Nesta situação, decisões políticas são urgentes, fundamentais e salvadoras!
Preservando os hospitais, poderemos construir outra história. A palavra está com o setor político.
Resumo: quarentena domiciliar rígida, hospitais de campanha, e proteção máxima para profissionais da saúde.
Luiz Carlos Corrêa da Silva
Luciano M. Corrêa da Silva
Médicos Pneumologistas. Fumo Zero AMRIGS. Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina