Saúde mental foi tema de palestra online promovida pela Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS).
O Ciclo de Palestras AMRIGS realizou a sua segunda edição do ano com um dos temas mais impactantes da atualidade: a saúde mental e a COVID-19. O evento ocorreu de forma online na sexta-feira (14/08) às 19h. A atividade contou com mediação do diretor de Patrimônio e Eventos e diretor Científico da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), Daltro Nunes.
O psiquiatra Luis Motta, Mestre em Psiquiatria e membro do Serviço de Psiquiatria e preceptor do Hospital São Lucas da PUCRS com atuação clínica em internação psiquiátrica e coordenador do programa de Emergências Psiquiátrica da PUCRS, destacou que os prognósticos incertos estão entre os principais fatores geradores de estresse, bem como a dúvida sobre o que vai acontecer conosco se pegarmos o vírus. Pensar uma possível escassez de recursos para testes e para tratamento também é um fator gerador de estresse. Além disso, a falta de consenso e coerência das autoridades e o risco de prejuízos financeiros são elementos impactantes na saúde mental. “Tudo isso gera um constante esgotamento que vai causar um sofrimento emocional nas pessoas. As reações comportamentais podem acontecer de diversas formas. Há duas linhas comuns que são o questionamento e inconformismo com as diretrizes públicas e um depósito de esperança em recursos milagrosos. Todas as pessoas que passarem por essa situação de privação vão desenvolver transtornos psiquiátricos? Não necessariamente. Após desastres, a maioria das pessoas costuma ser resiliente e passa a encontrar novos pontos fortes no enfrentamento dessas situações. No entanto, são muito comuns transtornos depressivos, ansiosos e o aumento do consumo de álcool”, alertou.
Entre as saídas apontadas pelo palestrante estão a integração de avaliações em saúde mental, tanto para paciente quanto para profissionais, e educação e treinamento em relação a questões psicossociais.
Na sequência, foi transmitida palestra de Lucas Spanemberg, médico com Residência Médica em Psiquiatria e especialista em Psicoterapia de Orientação Analítica no Centro de Estudos Luís Guedes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria e Ciências do Comportamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lucas ressaltou uma característica do quadro atual. “Isso tudo nos afeta por ser a maior emergência em saúde nos últimos cem anos. Medidas de restrição de mobilidade e de contato físico como a quarentena, distanciamento e isolamento nos impactam. Porém, nesse momento histórico há uma vantagem que é termos ferramentas tecnológicas que permitem compensar de alguma maneira o distanciamento social. Tivesse isso acontecido há trinta anos, estaríamos em um quadro muito pior”, disse.
Outro tema destacado pelos palestrantes é o excesso de informação, que tem causado um prejuízo muito grande na cabeça das pessoas. “Temos uma certa capacidade de trabalhar as informações. As redes sociais trazem informações pouco confiáveis além do grande problema que as fake news proporcionam”, finalizou.
A atividade foi aberta ao público e transmitida por plataforma digital com a participação de mais de cem pessoas conectadas durante a apresentação. A transmissão ficará disponível no canal do YouTube da AMRIGS a partir de segunda-feira (17/08).