Uma série com Zac Efron e Darin Olien tem feito muito sucesso na NETFLIX. Em Down to Earth, o ator e o especialista em bem-estar viajam o mundo para explorar estilos de vida saudáveis e sustentáveis. Em um dos episódios – o mais elogiado do documentário, aliás – a dupla viaja à Sardenha, uma ilha italiana repleta de moradores centenários; lá, ambos investigam a longevidade da população, conversando com moradores e especialistas da temática, aprofundando o próprio repertório sobre as chamadas Blue Zones. Essas zonas azuis do planeta contam com uma população de maiores de 80, 90 anos e centenários superior ao da média etária mundial. Mas, como surgiu esse mapeamento?
Em 2004, Dan Buettner – autor best-seller norte-americano –, uniu-se à National Geographic e aos melhores investigadores de longevidade para identificar lugares ao redor do mundo onde as pessoas vivem mais tempo e com mais saúde, ou seja, sem doenças ou a necessidade de remédios. Esse mapeamento identificou cinco lugares incríveis do ponto de vista da longevidade: Loma Linda (Califórnia), onde a população vive 10 anos a mais do que qualquer outro lugar da América do Norte; Nicoya (Costa Rica), que possui a menor taxa de mortalidade entre adultos da meia idade; Sardenha (Itália), a maior concentração de homens centenários; Ikaria (Grécia), que possui a menor taxa de demência do mundo; e Okinawa (Japão), onde mulheres acima dos 70 formam um seleto grupo de pessoas mais velhas do mundo. Por que Blue Zones? Ah, não pretendo dar spoiler do episódio…
Os pesquisadores – depois de encontrar as blue zones – passaram a se dedicar a descobrir os segredos desses habitantes locais que vivem tanto e tão bem. As descobertas compõem o chamado PODER DOS 9, uma análise de tudo o que esses especialistas aprenderam em cada uma das zonas azuis; esse seria uma espécie de guia para ter uma vida longeva e feliz. Como pesquisadora do tema longevidade, acho fascinante poder compartilhar esses conhecimentos da ciência sobre como podemos nos preparar para uma maturidade mais saudável e repleta de significados. Anota aí…
1 | Se movimente naturalmente: nada de maratonas ou levantamento de ferro, nas Blue Zones, a população se movimenta de forma natural, fazendo trabalho da casa e sem grandes mordomias tecnológicas.
#2 | Propósito: em Okinawa, o Ikigai (conceito japonês traduzido como “razão de viver”, simplificando muito); na Nicarágua, o plano de vida; esses instrumentos que nos ensinam que identificar o nosso propósito equivale a sete anos a mais de expectativa de vida.
#3 | Equilíbrio: não é que eles não tenham estresse, o que os habitantes das Blue Zones fazem de diferente do resto do mundo é que eles têm, em sua rotina, exercícios para aliviar a mente e se divertir: da oração ao happy hour.
#4 | Regra dos 80%: “Hara hachi bu” é o mantra que os habitantes de Okinawa dizem antes das refeições para lembrá-los de se alimentar até o estômago ficar 80% cheio – não mais que isso. Os 20% que restam, não vai matá-los de fome e faz toda diferença na hora de manter o peso.
#5 | Mais vegetais: a alimentação das Blue Zones é praticamente composta por vegetais. Eles se alimentam de proteína animal, no máximo, cinco vezes por mês e em pouca quantidade.
#6 | Vinho às 5 horas: com exceção dos adventistas da Califórnia, a maioria dos cidadãos das Blue Zones têm como hábito tomar álcool regularmente, porém, com moderação; a dica deles é beber de uma a duas taças de vinho por dia.
#7 | “Diga-me com quem andas e te direi quem és”: os moradores da Blue Zones acreditam que o meio social que você vive reflete muito na sua longevidade; cigarro, depressão, solidão e até felicidade são contagiosos. Em Okigawa, por exemplo, os “moais” são grupos de aproximadamente cinco amigos que têm o compromisso de se cuidar durante a vida, mantendo hábitos saudáveis.
#8 | Mantendo quem ama por perto: nas Blue Zones, centenários de sucesso colocam a família em primeiro lugar; isso significa cuidar dos pais e avós, que já estão envelhecendo, por perto ou mesmo em casa.
#9 | Pertencimento: pesquisas mostram que fazer parte ativamente de uma comunidade religiosa, independente de qual, pode adicionar de 4 a 14 anos na sua expectativa de vida.
De posse dessas preciosas dicas, acredito que podemos aprender muito com as pessoas que são as pioneiras nesse novo mundo longevo. Envelhecer é uma novidade! Acredito ser urgente e prudente, pensarmos no que queremos fazer com esses anos a mais que ganhamos de presente. Aliás, esse é um baita tema para uma nova conversa!
Layla Vallias é cofundadora do Hype50+, consultoria de marketing especializada no consumidor sênior e da Janno – startup agetech que tem como missão apoiar brasileiros 50+ em seu novo plano de vida. Foi coordenadora do Tsunami60+, maior estudo sobre Economia Prateada e Raio-X do público maduro no Brasil e diretora do Aging2.0 São Paulo, organização de apoio a empreendedores com soluções para o envelhecimento em mais de 20 países. Mercadóloga de formação, com especialização em marketing digital pela Universidade de Nova York, trabalhou com desenvolvimento de produto na Endeavor Brasil.